quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Princesas

Toda menina, quando pequena, coloca uma fronha na cabeça e imagina que está casando, sim, nós costumamos fantasiar esse dia desde os cinco anos de idade, assim como também imaginamos que somos princesas e idealizamos um príncipe encantado. Ele pode ser loiro, moreno, alto, baixo, pode vir no cavalo branco ou de balão, mas ele sempre vem. Sempre pra nós.

Desde pequena, quando imaginava qualquer uma dessas histórias que incluíam vestidos bufantes, lá estava ele: meu querido e nobre rapaz disposto a me dar seu amor. Ele sempre tinha o mesmo rosto, o mesmo sorriso, o mesmo jeito de cuidar de mim. Imaginem então o susto que tomei quando num mês de janeiro desses da vida me deparei com ele? Eu estava ali, estática, minhas pernas tremiam, minha saliva secou, eu não ouvia e não sentia mais nada ao meu redor. O único sentido que funcionava com certeza era a visão, que por sinal, via somente ele, ali, bem na minha frente. Estranhamente ele não me reconheceu, não sabia meu nome e pela primeira vez eu soube o seu, que até então era apenas "Príncipe Encantado".
Desse dia pra cá muitas águas rolaram, muita coisa mudou e eu posso te garantir uma coisa: com o meu príncipe só houve decepções. Aliás, de encantado ele não tinha nada. Vai ver nem era ele, era algum usurpador que veio só pra me tirar o juízo (o pouco que me restava), que veio me mostrar que essa categoria de homens não existe. Veio me provar por A+B que contos de fada nunca tiveram finais felizes. Ele me ensinou a não mais entregar meus sentimentos a ninguém, levou toda a minha emoção na sua mala, junto com as bugigangas.
Então, como num passe de mágica, na minha frente, o espelho me mostrou que Cinderela não encontrou seu outro sapatinho de cristal, vendeu o que tinha e foi fazer intercâmbio; Rapunzel vagou pelo deserto e chegou em Miami, hoje é dançarina numa dessas casas noturnas, Bela Adormecida fez as malas enquanto seu marido dormia (que ironia!) e foi ser feliz em algum país bem longe dele e Branca de Neve largou os anões, veio pro Brasil, pegou uma cor e tornou-se inspiração de Alceu Valença ao mudar seu nome para "Morena Tropicana".
Viu? Finais felizes devem mesmo ser difíceis de serem encontrados, mas eu, assim como elas ainda estou tentando sobreviver. Sobreviver num país tão grande, tão quente e tão cheio de gente carente. Tô tentando sobreviver dando um pouco de carinho aqui, recebendo um pouco ali, até que a imagem desse príncipe não encantado que tenho aqui em mim desde os cinco anos de idade se apague de vez. Até lá, não quero nada além disso: momentos tão finitos quanto sonhos bons. Não quero mais ter que sofrer, que me entregar, que chorar. Pode parecer medo ou fraqueza, pois que seja, melhor prevenir que remediar, não acham?
Qualquer dia desses vou fazer um encontro com essas princesas pra saber como anda suas vidas e suas emoções, e aí volto aqui pra falar pra vocês. Por enquanto eu sei que quero ser feliz com ou sem alguém, serei feliz e completa sempre, minha essência ninguém pode levar. Essa sou eu: mais uma princesa realista, mas com muito carinho ainda pra dar.


Ninguém sabe o que se passa realmente no coração de uma mulher.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores

:] Boituva - SP

:] Boituva - SP
Meu momento de total insanidade

Ao Caminhar ...

Ao Caminhar ...
... pensei em você !